23/05/2016

RAUL BOPP O ESCRITOR QUE VIVEU A SUA INFÂNCIA E JUVENTUDE EM TUPANCIRETÃ É SEMEADOR DA SOJA NO BRASIL

A economia brasileira deve muito a Pagu e a um outro personagem do movimento cultural antropofágico, Raul Bopp: foram eles que introduziram o cultivo de soja no Brasil, pouco antes da Segunda Guerra Mundial, como relata a revista Bonifácio (edição 5, de outubro a dezembro de 2004, publicada pelo Instituto José Bonifácio, de Brasília/DF):



Pagu obteve na China a planta que Bopp semeou no Brasil
Fotos e ilustração publicadas com a matéria

ORIGENS
De onde veio... a soja

A erva e sua semente que os chineses chamavam de "o grão sagrado" entrou no Brasil pelas mãos de uma escritora e de um poeta. Coube a Patrícia Galvão, a Pagu, poetisa e romancista, e a Raul Bopp, diplomata e autor do esplêndido poema Cobra Norato, a proeza de transplantar do Oriente para os trópicos esta leguminosa que hoje gera o principal produto de exportação do País.

Os dois eram amigos e parceiros no Movimento de Antropofagia - época em que poeta apaixonado deu o apelido e incentivou Pagu a ser a atrevida, talentosa e bela musa do Modernismo. Bopp dedicou-lhe um poema arrebatado:

Pagu tem os olhos moles
uns olhos de fazer doer
Bate-coco quando passa
coração pega a bater.

A dupla se reencontrou em Cobe, a cidade japonesa em que Bopp era cônsul do Brasil nos anos 1930. Pagu viajava o mundo como jornalista e estivera na China, onde tornara-se amiga do imperador Puhy, um fantoche que os invasores japoneses haviam entronizado no governo da Manchúria. O poeta-diplomata relatou o episódio em seu livrinho Bopp "passado-a-limpo" por ele Mesmo, de 1972, iniciando-se a citação com o trecho da amizade entre a escritora e o imperador:

- Ambos pedalavam as bicicletas dentro do parque amuralhado da residência imperial [o palácio de Hsingking]. Quando, numa das suas viagens a Cobe, Pagu me narrou o ambiente de familiaridade que existia em Hsingking, pedi que ela procurasse arranjar com Puhy algumas sementes selecionadas de feijão-soja. Dito e feito. Depois de algumas semanas, me foram entregues no consulado, procedentes da Manchúria, 19 saquinhos de sementes dessa leguminosa, que enviei na primeira oportunidade ao meu amigo embaixador Alencastro Guimarães, oficial de gabinete do ministro das Relações Exteriores, dr. Afrânio de Melo Franco. Esse diplomata, sem perda de tempo, enviou-as ao ministro da Agricultura, Fernando Costa, que tomou providências adequadas sobre as mesmas, em viveiros de aclimatação, em São Paulo.

Pelas mãos de Bopp e Pagu, a soja tornou-se o principal produto de exportação do Brasil (o conjunto de grão, farelo e óleo), devendo trazer divisas, neste ano de 2004, de 9,9 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 30 bilhões). Pelo ardil dos escritores, o Brasil exporta 20 milhões de toneladas, inclusive para a China e o Japão.

Um comentário:

  1. Eu desconhecia este fato. Tudo o que encontramos na literatura é que a soja chegou ao Brasil, via Estados Unidos, em 1882. Foi testada nas dependências da 1ª Escola de Agronomia do Brasil, localizada no Reconcavo baiano. Não deu certo, porque o material genético testado não se adaptou para as condições tropicais de baixa latitude do local. Teve êxito quando foi testada para as condições do Rio Grande do sul, nos anos 40.

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